Por Fábio Sormani
Começa hoje (12/10) a decisão da Copa do Brasil. Pela segunda vez os dois times de maior torcida no país vão medir forças em uma final brasileira. A primeira deu-se no longínquo ano de 1991, na decisão da Supercopa do Brasil. O Corinthians foi o campeão, com gol do meia Neto aos 25 minutos do primeiro tempo.
Favorito para a decisão desta Copa do Brasil? Ao contrário do que aconteceu em 1991, desta vez é o Flamengo.
Os cariocas têm um time mais bem arrumado, que atua junto há praticamente quatro temporadas, com uma ou outra mudança. Seu elenco é melhor (por isso dá mais opções ao seu treinador) e seus jogadores decisivos são mais decisivos do que os corintianos. E no banco Dorival Júnior não fica devendo nada a Vitor Pereira.
Flamengo campeão, então?
Não, eu não disse isso. Disse apenas que o Flamengo é favorito e nem sempre o favorito ganha. Ganha na maioria das vezes, mas nem sempre.
O que o Corinthians tem que fazer para evitar que a taça vá para a Gávea? Basicamente, não pode perder o jogo desta noite (12/10) em sua Arena em Itaquera.
Ir para o Rio com a missão de reverter resultado, diante deste Flamengo, com um Maracanã com mais de 70 mil vozes rubro-negras, é muito complicado.
E o que fazer para isso não acontecer?
Todo-campista
Eu, fosse VP, jogaria num 4-3-1-2. Três volantes que são na verdade “todo-campista” (como batizou esse tipo de jogador meu amigo Victor Birner), e que, por isso mesmo, não se limitariam a marcar. Du Queiróz, Fausto Vera e Maycon são esse tipo de jogador: sabem marcar e quando têm a bola sabem o que fazer com ela.
Esse trio de todo-campista desobrigaria Renato Augusto de se desgastar com a marcação e povoaria o setor onde o Flamengo é forte. Éverton Ribeiro e Arrascaeta, os dois pilares desse Flamengo encantador, teriam dificuldades para jogar, pois encontrariam tráfego pesado à frente.
Isso faria com que João Gomes tenha que ser mais ativo. E não haveria problemas com isso, pois a marcação se encaixaria em três.
Claro, os laterais do lado oposto ao da bola, têm que fechar para ajudar ainda mais a deixar o meio congestionado, pois Gabriel teria que se movimentar para ser opção a essa dupla fantástica.
Por falar em laterais, alguém pode perguntar: o Corinthians não perderia profundidade com um sistema assim? Sim, eu respondo, mas ganharia força no meio: o jogo seria por ali e não pelas beiradas, muito embora Rodinei tenha voltado a ser instável, desagradando a torcida, e o Corinthians poderia explorar esse fator. Neste caso, Fábio Santos, com apoio de Maycon e/ou Roger Guedes poderia se criar por ali.
Além disso, o Corinthians tem que fazer no início da partida marcação alta, impositiva, para evitar que o Flamengo saia jogando do jeito que ele gosta: sem pressão, na base do toque (curtos ou médios).
Rapidez
Ao Flamengo há que ser um time mais rápido que normalmente o é, pois num campo congestionado, o que não se pode fazer é ficar lustrando a bola demais, pois isso daria tempo de os adversários se posicionarem e apertarem a marcação.
Com o Corinthians jogando com um trio de todo-campistas, Rodinei tem que ser o desafogo pela beirada direita, pois Felipe Luís, pela esquerda, é um lateral de mais horizontalidade (com excelente passe) e menos verticalidade. Aí é que entra a missão do Rodinei: ampliar o campo de ataque do Flamengo de modo a desequilibrar o posicionamento dos todo-campistas, que teriam que socorrer o veterano Fábio Santos, que no um contra um diante de Rodinei, pode levar desvantagem. Por isso o apoio de alguém do meio.
Jogo de aproximação também será muito importante para o Flamengo, de modo que Éverton Ribeiro e Arrascaeta (que sabem fazer muito bem o “domina e toca”) tenham opções de passe e, consequentemente, ocupem os espaços que vão surgir com essa rapidez de toque de bola.
E por falar nela, ela tem que chegar até Pedro. O centroavante flamenguista vive fase espetacular e os dois zagueiros do Corinthians (Gil e Balbuena) não vivem seu esplendor técnico no momento. Claro que Pedro terá que se mexer para a bola o achar, e isso ele tem feito muito bem nos últimos tempos, o que tem-lhe rendido gols, assistências, convocação para a seleção brasileira e muito provavelmente uma vaga para a Copa do Qatar.
Gabriel? Bem, Gabriel tem que fazer apenas o que vem fazendo ultimamente: movimentação à procura dos espaços e da bola, para, com ela e com seus toques, dribles e chutes, perturbe o sistema defensivo corintiano.
Pintura
Isso tudo que escrevi são escritos e os escritos cabem em qualquer papel ou podem se transformar em palavras que saem de qualquer boca. Quando a bola rolar, todavia, a gente vai poder observar o que cada time preparou para dobrar o rival.
De uma coisa eu não tenho dúvida alguma: será um grande jogo.
Pode determinar o campeão? Se o Flamengo vencer como venceu o Corinthians em Itaquera no primeiro jogo das quartas-de-final da Libertadores deste ano (2022), a missão corintiana no Maracanã pode se tornar praticamente impossível.
Por isso eu disse no começo do texto que o Corinthians tem que evitar que esse quadro seja pintado esta noite em Itaquera e o Flamengo tem que jogar suas tintas em vermelho e preto na tela que será disponibilizada neste primeiro jogo da final da Copa do Brasil.
5 respostas para “Corinthians e Flamengo: primeiro jogo da final da Copa do Brasil pode se tornar o último”
Bela análise, meu estimado Rocco sormani.
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Grande Sorma
Bela análise, espero te ver em breve na TV um cara como você não pode ficar fora dos debate !!
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Ótima análise.. tbem escalaria Maycon de titular hoje e deixaria o Renato Augusto sem obrigação de correr. Flamengo tem mais time com ctz, mas o time do Corinthians não é bobo e vai dar dor de cabeça pros rubro negros.
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Engraçado… Pq o Var nem chamou o árbitro pra rever o lance da bola na mão do flamenguista?
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Será que uma formação assim passa na cabeça do VP para o segundo jogo? Não achei o empate um resultado ruim para o Corinthians, isso sem levar, obviamente, a atuação da arbitragem.
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