Por Fábio Sormani
Cenas chocantes vimos ontem (16/10) em Fortaleza e no Recife. Na capital cearense, torcedores do Ceará entraram em conflito por conta do mau desempenho do time em campo contra o Cuiabá. Na capital pernambucana, torcedores do Sport se enfureceram depois que Raniel, atacante do Vasco, fez o gol de empate e foi comemorar em frente à torcida rival.
Houve invasão de campo nos dois estádios. Mulheres e crianças entraram em desespero. A televisão mostrou cenas chocantes. Na internet, vídeos foram exibidos também, feito por torcedores que, estarrecidos, presenciavam a barbárie.
Culpa de quem? Cada um tem uma tese.
Para uns, a desorganização por conta de quem sediou a partida (no Recife, a TV mostra um segurança do Sport incentivando a invasão de campo); para outros, o despreparo da polícia; outros dizem que Raniel comportou-se mal e não deveria ter feito o que fez; há quem culpe pura e simplesmente o torcedor por sua loucura (também no Recife um torcedor chuta uma bombeira que está caída no chão); outras explicações surgem e dão margem para que outras explicações nasçam.
O fato é que isso não deveria acontecer. Mas acontece. E acontece também (repito, também, e não só por causa disso) porque a impunidade é uma praga que se alastra não apenas nos campos de futebol, mas na sociedade de uma maneira geral.
Nossas leis dão brechas para escapes que geram as tais impunidades. Instâncias da Justiças querem advogar onde não deveriam, vide o caso do adiamento do jogo Goiás x Corinthians, onde a Justiça comum interveio no campo da Justiça esportiva e essa decidiu pelo adiamento.
É preciso que as pessoas sentem-se à mesma mesa para encontrar soluções para o problema, que aflora especialmente nos finais de temporada, onde são apurados campeões, times rebaixados, times que tentam e não conseguem atingir o objetivo esperado etc.
Muitos dizem que futebol é entretenimento. Deveria, mas não é. É muito mais do que isso. Meu colega Flavio Gomes diz sempre: “O futebol desperta o lado ruim das pessoas”. Exagero? Você me diz.
O fato é que as pessoas deveriam encarar o futebol de outra maneira. Mas não encaram — ou não conseguem. Por quê? Não sei. Sociólogos, psicólogos e outros “ólogos” tentam decifrar o futebol, mas fracassam sempre.
Futebol… Esse bichinho criado na Inglaterra no século retrasado foge à compreensão humana. Ele transcende. E quando algo transcende, fica difícil de se explicar o que ele e suas ramificações significam.
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