Por Fábio Sormani
Olhem isso:
Santos 0-1 Corinthians
Público: 12.872
Renda: R$ 552.532,50
Fluminense 2-2 Botafogo
Público: 33.115
Renda: R$ 975.810,00
Nem contra o Fluminense o Santos consegue competir. Sabem por quê? Por conta da Belmirolândia.
Santos nasceu em Santos, mas o Santos é do mundo!
Postei isso no Twitter neste domingo (23/10). Não, não quero desmerecer a torcida do Fluminense, mas, segundo os institutos de pesquisa, se somarmos os adeptos de Fluminense e Botafogo, eles são pouca coisa maior do que a torcida do Santos.
Por isso, quando eu disse que nem contra o Fluminense o Santos compete, foi no sentido de mostrar que nem contra um time com torcida menor o Santos arrecada mais.
A botafoguense Yssa, seguidora deste blog (e eu a agradeço por isso) mandou a seguinte mensagem para mim: “Mas Sormani, parece que vão ampliar a Vila Belmiro, não?! Assim o Santos vai poder arrecadar mais”.
Yssa e os demais interessados no assunto: o Real Madrid, que tem um estádio com capacidade para 81 mil pessoas, quer transforma-lo numa arena para 100 mil. O Barcelona quer aumentar a capacidade de seu Camp Nou, que hoje é para 99.789.
Aqui no Brasil, o Flamengo joga no Maracanã, que hospeda quase 80 mil pessoas e fala em construir uma arena para 110 mil rubro-negros. O Morumbi recebe quase 67 mil são-paulinos. O Atlético se exibe num Mineirāo que acolhe cerca de 62 mil torcedores (vai se arrepender no futuro de estar construindo uma arena para apenas 46 mil atleticanos). A capacidade do Itaquerão é de 49.205 gaviões, enquanto que o Alianz Parque comporta quase 44 mil fanáticos palmeirenses. E ambos já se deram conta que poderiam jogar em arenas maiores e estão arrependidos de não terem feito estádios maiores.
O Santos, que pretende ter sua arena, fala em disponibilizar 30 mil assentos. Ridículo, como ridículo é construí-la onde está o santuário da Vila Belmiro.
A Vila está engessada por casas e pelo bairro. Não há como fazer um projeto para 50 mil pessoas. E, insisto, fazer uma arena com menos de 50 mil lugares é perder dinheiro e se arrepender no futuro.
Agora entra a outra parte da nossa conversa: uma arena para 50 mil pessoas na Baixada Santista, que tem menos de dois milhões de habitantes, menor do que a região metropolitana de Campinas, que conta com quase 3,5 milhões de habitantes, não é inteligente, convenhamos. A chance de lotar esse novo estádio não é tão grande assim; eu diria que não seria nada fácil.
Por isso, sair de Santos é uma questão de sobrevivência, a menos que os santistas de Santos não queiram mais saber de ganhar títulos e estar entre os melhores. Por isso, subir a serra e jogar na Grande São Paulo faz-se necessário.
Eu lembro: grande parte dos moradores da Baixada Santista sobe a serra para ganhar a vida em São Paulo. Por que o Santos não pode fazer o mesmo?
A futura arena santista, desta forma, penso eu, não pode ser em Santos e muito menos para 30 mil pessoas. Ela tem que ser no planalto, na Grande São Paulo, e para 50 mil pessoas. O Santos precisa de dinheiro, todos os times precisam. E desperdiçar esse manancial arrecadatório é ser estúpido.
Não, não estou propondo fechar a Vila; longe disso! Que ela continue lá, do jeito que está, imaculada, mas abrigando jogos menores e categorias de base. As partidas contra times grandes, os grandes jogos, estes têm que ser sempre nesta nova arena. Digamos que um ou outro clássico poderia ser jogado na Vila. Mas nunca a maioria.
Volto a dizer: é uma questão de sobrevivência.
Enquanto os adversários do Santos se enriquecem cada vez mais a cada ano que passa, chegando a bater na casa do R$ 1 bilhão de arrecadação em uma temporada, o Santos se empobrece cada vez mais, arrecadando por ano três vezes menos do que esses times. E a cada ano que passa, a distância vai aumentando. Por isso, se continuar assim, o Santos pode morrer aos poucos.
A menos que surjam raios atrás de raios para que o clube minimize esse distanciamento. Isso é factível? Vocês me dizem: é possível revelar um raio por ano? Creio que não.
Estádio cheio significa grandes arrecadações, consumo do matchday, dinheiro de estacionamento, olhos arregalados de patrocinadores de camisa e placas do estádio, mídia seduzida com o espetáculo apresentado e, a reboque disso tudo, o incremento do programa Sócio-Rei.
Na época de Pelé o Santos era o time mais rico do futebol brasileiro. Isso porque as rendas eram divididas (não tinha renda do mandante). Quando o Santos jogava no Maracanã para 150 mil pessoas, pegava metade da grana. Além disso, excursionava pelo mundo e ganhava um dinheiro que nenhum outro time brasileiro tinha condições de ganhar. E fazia seus grandes jogos em São Paulo ou até mesmo no Maracanã e faturava muito. E o dinheiro da TV, que hoje é a fatia mais importante do bolo arrecadatório dos times, não existia naquela época.
Com Pelé e os cofres cheios, o Santos se fortalecia temporada após temporada e, com times robustos, ganhava a maioria dos títulos que disputava.
Hoje, empobrecido, entra nos campeonatos para não ser rebaixado ou não ser humilhado.
É isso que você quer, torcedor santista?
Uma resposta para “Santos nasceu em Santos, mas o Santos é do mundo!”
Já deveria ter saído de Santos a muito tempo
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