Por Fábio Sormani
Vini Jr se destaca neste Mundial não apenas pelo que vem fazendo em campo. Mas também pelo que faz fora dele.
Ao final do jogo passado, espontaneamente, em entrevista, mencionou seu sentimento de solidariedade a Pelé, que segue internado em um hospital de São Paulo, o que ninguém havia feito, nem mesmo o técnico Tite, que, aliás, se desculpou por isso. Ao fazer o gol contra o Coreia do Sul, Vini comemorou socando o ar, como o Rei fazia, igualmente homenageando-o.
Nesta quarta-feira, deu nova demonstração de amadurecimento ao comentar as críticas que recebeu por ter comido bife folheado a ouro em um restaurante do Catar junto com outros jogadores e com Ronaldo Fenômeno. Disse Vini: “Não acredito que devam falar o que temos que fazer ou não, mas sim cobrar o que fazemos em campo”.
Bingo! Em outras palavras, criticou os insuportáveis patrulheiros de plantão que querem determinar o que as pessoas devem ou não fazer. E ainda pediu que respeitem sua liberdade, liberdade de fazer o que quiser, pois, afinal de contas, ainda vivemos em uma democracia, cuja preceito básico é: sua liberdade vai até aonde começa a minha.
Portanto, respeite-me para ser respeitado. Respeitem o Vini porque sua liberdade de crítica vai até o momento em que você fere a liberdade de ele fazer o que bem entender desde que não esteja ferindo a liberdade dos outros. E ele não feriu.
E comer bife folheado a ouro não fere a liberdade de ninguém e nem desrespeita ninguém, a menos os que os críticos se sintam feridos em sua sensibilidade. Aí o problema não é do Vini; aí é um problema de sentimento de pessoas que se melindram por coisas que não deviam se melindrar. E mais: muitos desses críticos devem gastar um bom dinheiro, por exemplo, comprando uma garrafa de vinho importado, que, muitas vezes, custa mais caro do que esse jantar tão criticado.
Vini, até que se prove o contrário, é um cidadão de bem e que paga seus impostos religiosamente em dia. E ao fazer isso, ele contribui para erradicar a pobreza brasileira com dinheiro que ele ganha limpamente, fruto de muito sacrifício e muitos pontapés recebidos.
Ele não é o responsável pela pobreza do mundo. Ele ajuda a combatê-la ao trazer, por exemplo, divisas para o país resultado de seu trabalho no exterior. Ganha o dinheiro na Europa e o traz para o Brasil. Paga impostos e usa-o aqui também, ajuda, a seu modo, a movimentar a economia local, gerando, indiretamente, empregos.
Se quem tem que zelar pelos mais pobres não o faz, isso não é problema do Vini.
Jogador de futebol na maioria dos casos (não sei se é o de Vini Jr) é arrimo de família. Ajuda muitas vezes parentes que ele nunca viu na vida. Até vizinhos necessitados de um passado não tão distante assim.
Carregam o fardo da pobreza nas costas desde que nasceram. Agora, com dinheiro no bolso, ganho honesamente, repito, têm o direito de fazerem o que quiserm. Inclusive comer bife folheado a ouro.
Foi o que Vini Jr fez e não desrespeitou ninguém ao fazê-lo.