Morre Pelé, o Pelé do futebol

Por Fábio Sormani

Pelé morreu. A gente pensava que esse dia nunca fosse chegar.

Chegou.

Infelizmente.

Pelé era de outro planeta, como dizia Pepe, seu eterno companheiro de Santos e amigo pessoal. Por isso, não é justo com ninguém compará-lo a Pelé.

Pelé mudou o jogo de patamar: antes dele o futebol era de um jeito, depois dele passou a ser de outro.

Eu explico:

1) Pelé deu velocidade ao jogo (antes dele o futebol era lento demais);
2) Pelé mostrou a importância do preparo físico (antes dele alguns jogadores eram balofos, como Puskas, por exemplo);
3) Pelé mostrou a necessidade de se jogar em todas as partes do campo (até no gol ele catou), criando a classe dos jogadores polivalentes.

Isso é o mais importante, porque ninguém, repito, ninguém, até hoje, fez algo diferente no futebol. Tudo o que os jogadores fazem hoje é versar sobre um tema que Pelé criou. E ninguém nem sequer chegou perto do que ele fez.

Pelé era completo: chutava com a direita, com a esquerda, cabeceava, assistia, marcava, criava espaços numa época em que ninguém imaginava que isso era importante e jogava em todas as posições. Até no gol, como falei.

Quem faz ou fez isso? Ninguém. Por isso ninguém chegou perto dele.

Pelé foi um Leonardo da Vinci enquanto esteve em campo. Ninguém, torno a dizer, criou tanto quanto ele. Os demais, insisto, tentam aperfeiçoar o que ele fez, e o frustrante, para esses jogadores, é que não conseguem nem mesmo ser melhores que Pelé no futebol de hoje, de gramados perfeitos, chuteiras que se parecem com sapatilhas, bolas que não deformam, uniformes com tecidos que não absorvem o suor e uma arbitragem que inibe os botinudos usando o cartão amarelo.

Na época de Pelé não era assim: os gramados eram esburacados, as chuteiras mais pareciam botinas e quando o cravo gastava o prego machucava a sola do pé, as bolas eram de capotão e eram pesadas, duras, e quando chovia dobravam de peso, os uniformes eram de malha e se encharcavam rapidamente com o suor e ficavam pior ainda quando chovia, e a arbitragem pouco fazia contra os carniceiros que tentavam acertar Pelé, mas não conseguiam porque ele tinha uma destreza como ninguém tinha, e escapava facilmente dos pontapés.

Quando aparecer alguém que crie algo diferente como Pelé criou, poderemos rivalizar com o Rei. Enquanto isso não acontece, nenhum outro jogador pode ser comparado a Pelé. Como nenhum outro gênio pode ser comparado a Da Vinci.

A bola, sua eterna companheira, hoje chora. A bola, que nas ruas e nos campinhos de terra batida de Bauru, interior de São Paulo, nos revelou Pelé.

Bola: quatro letras.

Amor: quatro letras.

Deus: quatro letras.

Pelé: quatro letras.

Te amaremos para sempre.

Arte criada pelo BLOG SOUL SANTISTA.

2 respostas para “Morre Pelé, o Pelé do futebol”

  1. Eu não vi o Pelé jogando, então, até acredito que como jogador, ele tenha sido tudo isso, apesar de achar o Messi o maior de todos (jogando futebol).
    Entretanto, alguém que renega um filho (ou filha) jamais será exemplo pra mim.

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  2. O Messi, maradona e outros são ótimos jogadores. Não tem como comparar…

    Falemos do Pelé, esqueçam o Edson, esse já está em juízo pelo pai eterno.

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