Por Fábio Sormani
Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, disse nesta terça-feira (17/01) que o próximo técnico da seleção tem que impor um estilo de jogo bem ofensivo ao time brasileiro. Mano Menezes está fora da lista, foi a primeira coisa que eu pensei.
Quem será esse treinador? Até agora a entidade não encontrou ninguém disposto a assumir nosso selecionado.
Os cobrões europeus pedem muito, um dinheiro que a gente não tem para pagar. Pedem muito porque a CBF os quer com exclusividade.
Um amigo, outro dia, me disse: “Eu prefiro o Guardiola meio período do que qualquer técnico brasileiro em período integral”.
Eu ri; nós rimos, pois é a pura verdade. Pra que um técnico exclusivo? Deixa um Guardiola (por exemplo) no City e quando for data Fifa, ele assume a seleção. Antigamente era assim, não havia técnico exclusivo: treinador da seleção sempre trabalhava em clube.
Mas se a CBF não abrir mão dessa premissa, restarão os técnicos europeus de segunda linha. Mesmo assim, são melhores do que os nossos.
Conversei com uma pessoa ligada ao técnico Jorge Jesus e essa pessoa me disse que o ex-treinador do Flamengo aceitaria dirigir nossa seleção. “Viria correndo, ele está louco de vontade de voltar para o Brasil”.
O que eu acho? Olha, JJ fez um grande semestre (o segundo de 2019) dirigindo o Flamengo, quando ganhou a Libertadores e o Brasileiro. No semestre seguinte (o primeiro de 2020), o futebol do time da Gávea começou a cair.
Falou-se até em aborrecimento de alguns jogadores com a maneira agressiva e autoritária com que JJ trabalha. Ele voltou para Portugal em meados de 2020 e a gente não pôde ver a conclusão de seu trabalho.
Além disso, se a gente for olhar num todo, o trabalho de JJ não é lá essas coisas.
Abel Ferreira, treinador do Palmeiras, pedido por muitos (inclusive por mim), não vai ao encontro do que o presidente Ednaldo quer para a seleção: um técnico com estilo ofensivo. Abel flerta muito com a retranca.
Então, assim como Mano, para mim, carta fora do baralho.
E os brasileiros? Acho que três nomes aparecem, não necessariamente nessa ordem: Dorival Jr, Fernando Diniz e Rogério Ceni.
Qual eu prefiro? Dorival, com certeza, pela estrada que ele já percorreu, pelos títulos que ganhou e pelo jeito ofensivo que ele monta seus times.
Diniz é novo demais e não fez nada até o momento que o credencie a brigar pelo cargo. O futebol vistoso do Fluminense no ano passado conta, mas título que é bom o Diniz não ganhou nenhum até o momento. E ganhar é preciso, pois estamos fartos de sermos eliminados nas quartas-de-final de Copa do Mundo.
Finalmente, Rogério. Eu não me surpreenderia se ele fosse chamado, pelo nome que tem. Alguém pode dizer (e com razão) que ele sucumbiu quando trabalhou com grandes elencos, vide Cruzeiro e Flamengo. E na seleção, a gente bem sabe, só tem cobra criada.
Mas é diferente clube de seleção.
O clube tem o elenco montado e em caso de insurreição dos jogadores contra o treinador, sobre sempre para este último, porque não tem como trocar o elenco para segurar o treinador.
Na seleção, quem escolhe é o treinador. Ele é o presidente do time. Brigou com ele?, não vai ser mais chamado. Por isso, penso eu, os jogadores ficariam pianinhos com Ceni no comando, ao contrário do que ocorre nos clubes.
Mas o Rogério tem estofo para ser treinador? Como jogador ele foi incontestável, mas como treinador ele ainda não provou ter cabedal suficiente para assumir a seleção.
O que fazer então?
Sinceramente? Não sei, pois a seleção parece ser um mico para os europeus de primeira linha (ninguém quer pegar) e grande demais para os nossos treinadores.
Quem podia imaginar que um dia a gente fosse chegar nessa situação: não temos ninguém apto para assumir nosso selecionando, o único, não se esqueçam, que ganhou cinco Copas do Mundo.
Uma resposta para “Seleção: só nos restam treinadores europeus de segunda linha e brasileiros. O que fazer?”
Texto bem escrito, estimado Sormani. Se conheço bem os caras de nossa geração e cultura, já imagino o seu primeiro pensamento (“As usual…”, numa soberba irônica).. Não vejo o dinheiro como problema para a CBF contratar em tempo integral um técnico estrangeiro de primeira linha. Mas penso que ninguém desse gabarito suportaria, por muito tempo, a bagunça e a indecência reinantes em nosso meio futebolístico. Abraço!
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