Por Fábio Sormani

Pelas redes sociais torcedores do Santos seguem pedindo a contratação do técnico Dorival Júnior. O treinador está desempregado depois que não teve seu contrato renovado com o Flamengo no final do ano passado.

Insisto: o problema do Santos não é treinador. O problema do Santos é a falta de jogadores qualificados.

Os atuais são fracos. Personalidade frágil. Não há técnico que dê jeito nisso.

O Santos já teve nove treinadores na gestão Rueda. A saber: Cuca, Ariel Holan, Fernando Diniz, Fábio Carille, Fabián Bustos, Lisca e atualmente Odair Hellmann. Isso sem falar nos interinos Marcelo Fernandes e Orlando Ribeiro.

Não é preciso pensar muito para se concluir que o problema não é o treinador. O problema maior recai sobre o presidente Andrés Rueda, que em dois anos e dois meses de mandato não conseguiu arquitetar um projeto minimamente decente para que o clube tivesse jogadores à altura de sua história.

O Santos de hoje é um time repleto de jogadores ruins, como disse acima, frágeis emocionalmente. Eles estão onde não deveriam estar, porque foram contratados por Rueda.

Alguns, é verdade, foram indicações de treinadores que por lá passaram e/ou foram contratados pelos tais gerentes de futebol. Por falar neles, foram nada menos do que seis profissionais dessa área a trabalhar desde o começo da gestão Rueda: Felipe Ximenez, Jorge Andrade, André Mazzuco, Edu Dracena, Newton Drummond e atualmente Paulo Roberto Falcão.

Vejam que Rueda é irriquieto. Não dá tempo nem a treinadores e nem aos gerentes de futebol. A coisa começa a ir mal e ele troca tudo, numa prova inequívoca do amadorismo e de sua personalidade impulsiva.

O problema do Santos, como se vê, não é de treinador. Talvez nem mesmo dos gerentes que por lá passaram, pois não conseguiram finalizar seus trabalhos.

O problema maior recai sobre o elenco, que é fraco, insisto. É fraco porque foi montado por Rueda, que durante os seis últimos meses da temporada passada trabalhou sozinho.

Centralizador, o que já é um problema, que torna-se ainda pior quando essa figura (no caso o Rueda) é burlesca.

Mario Celso Petraglia, presidente do Athletico-PR, por exemplo, é centralizador. Mas é competente.

Em suas mãos o Furacão, hoje, é maior do que o Santos. Obviamente que a história do Santos é incomparável, mas história não enche barriga de ninguém. O que enche são os desempenhos, as vitórias, os títulos, as conquistas.

Isso o Santos não tem tido. O Athlético-PR tem tido.

Por isso, torno a dizer, a situação atual em que o Santos vive tem apenas um responsável. E ele tem nome e sobrenome: Andrés Rueda.

Ele se esconde no fato de que pegou um time falido (o que é verdade) e que ficou engessado os dois primeiros anos. Mas garantiu que se o Santos sobrevivesse a esses dois primeiros anos (e sobreviveu) este 2023 seria completamente diferente.

Não está sendo. Está sendo mais do mesmo. Um desespero.

Pior: Rueda está contratando não se sabe como, porque ele mesmo disse, há semanas, que não tem dinheiro e que por isso não contratou; ou melhor, contratou cinco reforços apenas no começo da temporada: Mendoza, Dodi, João Lucas, Messias e Vladimir.

Agora, depois da condenável invasão do CT por parte da Torcida Jovem, pressionado, começou a contratar. Acertou com Lucas Lima, Daniel Ruiz, Joaquim e Alisson. E ele disse que não tinha dinheiro, não se esqueça.

Qual é o milagre, então?

Pra mim Rueda está fazendo o que os demais presidentes fizeram: contratando no desespero, pagando o que não tem e endividando o clube.

Se era para fazer isso, que se fizesse dois anos atrás e evitasse a humilhação que a instituição e seus torcedores passaram, quando o time quase foi rebaixado no Paulista e no Brasileiro.

E perdeu dinheiro por conta disso. Dinheiro que teria vindo em forma de premiações por desempenho e quem sabe venda de jogadores que poderiam ter se destacado.

Sem falar no aumento do número de sócio-torcedores, melhoria nas rendas dos jogos, aumento no consumo dos produtos licenciados e incremento das verbas de patrocinadores. Tudo isso vem a reboque de uma campanhas expressivas.

Por isso uma SAF torna-se necessária. Chega de amadorismo. Chega de Modestos, Odílio, Rollos, Peres e Ruedas.

É preciso mudar. Se não mudar vai chegar o momento que o Santos não irá mais suportar e vai desabar nas divisões dos campeonatos que disputa.

E poderá não haver mais salvação.