Por Fábio Sormani

Na sede da Conmebol em Luque (Paraguai), Paulo Roberto Falcão, instado a falar sobre a situação do Santos, entre outras coisas saiu em defesa do técnico Odair Hellmann. Disse o coordenador de futebol santista quando do sorteio da Sul-americana na última segunda-feira (27/03):

— Tem que parar com essa troca de treinador toda hora. Isso significa muitas vezes uma despesa ainda maior dos clubes. Tem de ter convicção. Claro que convicção se forma ao longo do tempo, não vem da noite para o dia, mas os times têm de dar mais espaço para seus treinadores. Temos que contextualizar as coisas. O Santos tem vários jogadores no Departamento Médico. Uma repetição é sempre difícil. Isso pesa num elenco pequeno. Sabemos disso. Claro que as pessoas de modo geral não têm a obrigação de ver isso, mas quem está no clube tem de ver.

Atentem para a última frase: “Claro que as pessoas de modo geral não têm a obrigação de ver isso, mas quem está no clube tem de ver”.

Sim, quem está no clube tem que ver e tem o dever de vir a público e explicar isso para os torcedores, especialmente os mais inquietos, que vivem pedindo troca de treinadores após as derrotas.

O problema é que Falcão é um omisso. Ele não dá as caras. Não fala com a mídia. E ao não falar com a mídia ele, consequentemente, não fala com a torcida.

Falcão é um desastre fora das quatro linhas. Tem sido assim ao longo de sua carreira depois que deixou os gramados, onde desfilou sua elegância por quase uma década e meia.

Falcão deveria ser mais presente, ser mais parceiro de Odair. Mas isso não acontece. E o treinador, solitário, tem que encarar a tudo e a todos.

Leiam essa frase da mesma fala: “O Santos tem vários jogadores no Departamento Médico. Uma repetição é sempre difícil”.

Ele deveria adicionar: “Pior, o presidente e eu somos incompetentes e o Santos, desde que foi eliminado pelo Ituano (05/03), não conseguiu contratar ninguém, porque, torno a dizer, somos incapazes”.

Por conta disso tudo, a ira do torcedor, mesmo depois de um miserável jogo-treino contra o Flamengo de Guarulhos, volta-se contra o treinador, esquecendo-se de que esse ciclo vicioso (troca constante de treinadores) não leva a lugar nenhum. Tem sido assim nos últimos dois anos e dois meses, tempo em que o inábil presidente Rueda dirige o clube.

O time do Santos é ruim. Pode tornar-se mediano quando alguns jogadores deixarem o Departamento Médico e conseguir uma sequência mínima de jogos que dará ao time entrosamento.

Time médio não corre o risco de cair. E essa é a maior preocupação do torcedor.

Portanto, torcedor, não meta pilha no treinador. Cobre os jogadores que mostrarem falta de empenho (como ocorreu na derrota para o Ituano). Cobre um mínimo de desempenho do Falcão. E faça o mesmo com o péssimo Andrés Rueda.

Falcão defender Odair é insólito, mas compreensível, pois é assim que o mundo do futebol gira. Quem deveria estar na boca do torcedor era ele. E o presidente.

Estou sendo repetitivo? Esse é o intuito desse texto.