Por Fábio Sormani

O Flamengo perdeu para o Aucas na estreia da Libertadores 2023 por 2-1. Foi, diga-se, a primeira vez na históra da competição que um debutante (Aucas) ganha do atual campeão (Flamengo).

A vergonha não se dá por isso; aliás, convenhamos, não houve vergonha na derrota. Afinal, o Aucas é o atual campeão equatoriano e por mais que tenha perdido alguns jogadores nesta temporada — e por isso esteja mal no campeonato local —, o futebol equatoriano mudou de patamar.

O Independiente Del Valle, por exemplo, é o atual campeão da Sula (bateu o São Paulo na final) e da Recopa Sul-Americana (venceu o Flamengo). E a seleção do Equador terminou as eliminatórias passadas em quarto lugar no nosso continente e no Mundial do Catar ficou em terceiro lugar no Grupo A, tendo vencido o Catar na abertura da competição e empatado com a Holanda, sendo derrotado pelo Senegal na última rodada quando perdeu a chance de se classificar para as oitavas.

Times equatorianos não são mamão-com-açúcar como são times peruanos, venezuelanos e até chilenos. Longe disso. Portanto, perder para o Aucas não foi vergonhoso de jeito nenhum.

Além disso, a partida foi em Quito, que fica a mais de 2.850 metros acima do nível do mar, onde o Flamengo está.

O que deixou o torcedor do Flamengo irritado (e eu concordo com ele) foi mais uma vez o trabalho do técnico Vitor Pereira.

O português colocou um time misto em campo pensando na final do Carioca contra o Fluminense, domingo próximo (09/04). Até aí, tudo bem; o que irritou o torcedor (e a mim também) foi o fato de ele manter o sistema de três zagueiros.

Aí eu pergunto: como pode um time com o elenco que o Flamengo tem jogar com três beques? Como pode um time como o Flamengo, com jogadores de frente que muita gente gostaria de ter, colocar três beques e tirar um desses atacantes? E isso também se dá porque, além dos três zagueiros, VP põe dois volantes no time (Vidal e Victor Hugo). Pra fazer isso ele tem que sacrificar jogadores criativos, aqueles que decidem jogos. Pra que fazer isso?

Adicione-se à essa lambança toda o fato de que o português escalou o ponta-direita Marinho de lateral-esquerdo. Pra completar este cenário caótico, o insólito deu o ar da graça: quando o time tomou o gol da virada tinha oito titulares em campo.

Mas não acaba aí: a cereja do bolo veio depois que Matheus França fez o gol do Flamengo. Ao invés de comemorar o golaço VP foi bater boca com um torcedor que pedia a saída do zagueiro Pablo (pra que três beques?). Torcedor tem o direito de cobrar, uma vez que o Flamengo só é o que é por conta da Nação. E esse torcedor que pediu a saída do Pablo e depois ouviu xingamentos do VP, faz parte dessa imensidão de torcedores flamenguistas.

Que estreia desastrosa!

Só falta perder o título carioca no domingo.