Por Fábio Sormani

Eu sempre disse que num duelos entre os Jorges, o Sampaoli levar a melhor que Jesus. Numa fictícia discussão entre eles numa mesa de bar, JJ tem repertório para falar dez minutos, enquanto o argentino falaria por horas.

Na coletiva desta tarde de segunda-feira (17/04) no Ninho do Urubu, Sampaoli afirmou que o seu Flamengo vai jogar no 3-2-5 ou no 3-1-6. Ele fez muito isso no Santos. Eu vi. É encantador.

Será que o JJ conseguiria montar um time assim? Quando eu digo montar, falo em transformar a teoria em prática. Creio que não. É só o que eu acho

Os dois treinadores são adeptos do futebol ofensivo, mas aquele Flamengo do JJ destroçou seus adversários muito mais pela qualidade dos seus jogadores do que pela ingerência intelectual do português.

Agora chegou a vez de o argentino comprovar o que eu sempre disse. Com um elenco fabuloso como o do Flamengo, Sampaoli tem a faca e o queijo nas mãos (desculpem o clicê) para destronar o Palmeiras, para mim o melhor time do Brasil neste momento. Mas ele vai ter que domar seu comportamento irritadiço.

Ainda na coletiva na tarde desta segunda-feira Sampaoli afirmou: “Neste momento, veremos a minha capacidade de convencimento ao grupo também (…) Porém, não podemos ser autoritários porque no futebol o mais importante é o jogador e não treinador”.

Se ele acha isso mesmo, que o jogador é mais importante que o treinador, então não vai ter problema. Mas, sei não; não sei se ele falou isso do fundo do coração ou apenas da boca pra fora.

Sampaoli é vaidoso. Egocêntrico. Mas é bom pra burro!

O problema é que ele vai pegar o grupo com um terço da temporada já transcorrido; pior, sem muito tempo pela frente para treinar. E treinar é algo que Sampaoli valoriza demais.

JJ teve uma intertemporada de 20 dias por conta da parada da Copa América para preparar aquele Flamengo. Até treinos ao vivo a TV mostrava. Eu trabalhava na Fox quando um jogo-treino contra o Madureira foi transmitido e pode-se ouvir JJ dizer: “Tá mal, Arão!” Lembram-se?

Tempo para treinar praticamente inexiste. Vejam só: esta semana o Flamengo vai pegar o Ñublense pela Libertadores na quarta-feira. No domingo (23/04), viaja a Porto Alegre enfrentar o Inter e na outra quarta-feira (26/04) recebe o Maringá tentando reverter o confronto (perdeu o primeiro jogo por 2-0).

E seguirá jogando no meio e aos finais de semana até o dia 13/05. Nesse período serão mais cinco jogos, totalizando oito partidas sem intervalo semanal desde o início de seu trabalho. Ou seja, quase um mês sem poder treinar a equipe.

A primeira semana cheia que ele terá vai acontecer entre 13 de maio e 21 de maio. É complicado.

Mas ele sabia disso quando disse sim ao Flamengo.