Por Fábio Sormani

Um amigo corintiano me disse: “É minha última esperança”. Disse-o referindo-se a Vanderlei Luxemburgo como treinador do Corinthians. E eu respondi a ele: se a esperança de vocês é o Luxa, então voces estão mesmo fodidos.

Espero quebrar a cara, pois gosto do Vanderlei. Eu o conheço há muito tempo. Ele sempre me tratou bem.

A última vez que a gente se encontrou foi no restaurante Fratelli, na Barra, Rio de Janeiro. Rimos muito por conta de um episódio momentâneo que tinha a ver muito com nossas idiossincrasias e que não vem ao caso contar.

Infelizmente, o tempo passa e Vanderlei não amadurece. Continua se distraindo como uma criança que se distrai por qualquer coisa. Vanderlei perdeu o foco, como uma criança costuma perder por qualquer coisa. A diferença é que Vanderlei não é uma criança. Ele é um homem de 70 anos, marido, pai e avô. E barrigudo.

O que aconteceu com Vanderlei? Acho que ele acredita em seu personagem, como as crianças acreditam em contos de fadas.

Vanderlei, já disse, tem 70 anos. Se ele não crescer (e sempre há tempo para isso) ele continuará vivendo no século passado, esquecendo-se que estamos em um novo século e isso demanda crescimento e maturidade para acompanhá-lo. O tempo passa, já disse. E Vanderlei não cresce. Acha que estamos ainda no final do século passado e começo deste.

Vanderlei está apegado ao seu personagem, que foi criado há tempos. Largá-lo implica perdas, perdas que as crianças não suportam. Perdas demandam em frustração e se há algo que o ser humano (não importa se é adulto ou criança) não tolera é ser frustrado. Poucos estão preparados para isso. Vanderlei não faz parte desse time.

Ele, portanto, prefere viver num conto de fadas, onde é o príncipe à espera do chamado da princesa aflita e desesperada, à procura da salvação do faminto dragão, onde somente o príncipe encantado é capaz de socorrê-la.

Isso, todavia, não passa de conto de fadas. Viver a realidade significa entender a realidade, que é nua e crua, inexorável, que não perdoa ninguém, nem mesmo os mais preparados.

O que eu quero dizer é que se Luxemburgo não admitir que estacionou no tempo e que é preciso mudar o discurso (suas entrevistas continuam sendo as mesmas e por isso mesmo enfadonhas e constrangedoras), ele continuará vivendo num mundo imaginário. Como as crianças vivem.

E quem vai pagar essa conta é o Corinthians.