Por Fábio Sormani

A Holanda foi batida por 3-2 pela Itália neste domingo (18/06) na disputa do terceiro lugar na Liga das Nações. Mesmo jogando em casa (Enschede) os holandeses não conseguiram dobrar os italianos.

Depois da partida, muito abatido pela derrota, Ronald Koeman resolveu fugir do lugar-comum e apontou o dedo para os jogadores. Disse o treinador, em trecho que tirei do GE:

— Nós não deveríamos jogar como fizemos no primeiro tempo. E na minha visão não é uma questão de sistema. É sobre assumir as suas responsabilidades. Fazer o que é pedido de você. Nós fizemos isso no passado. Mas eu não lembro de ter jogado 45 minutos assim, nunca.

Observem a segunda frase (“E na minha visão não é uma questão de sistema”) e a quarta também (“Fazer o que é pedido de você”). É o que eu venho dizendo: técnico não entra em campo. Por mais mirabolante que seja seu projeto de jogo, se os jogadores não executarem dentro das quatro linhas, não tem jeito.

Koeman falou mais. Leiam:

— Eu sou totalmente culpado por não ser capaz de comunicar o quanto era importante assumir responsabilidade, se defender e marcar o seu adversário. Nós decepcionamos uns aos outros. Essa foi minha maior decepção hoje.

Ou seja: o treinador assumiu responsabilidade porque não conseguiu transmitir ao time o que ele queria. E eu concordo com isso: se a didática não for boa, os jogadores não compreendem e ao não compreenderem fazem tudo errado e o sistema montado vai pra cucuia.

Van Dijk também falou sobre a derrota e igualmente assumiu parte da culpa (como fez Koeman). Disse o zagueiro do Liverpool:

— Nós conversamos muito nesta semana. Isso não pode acontecer. Muitas vezes pressionamos atrasados.

Ou seja: havia plano para pressionar os jogadores italianos, elaborado pelo treinador holandês, mas em campo os jogadores não foram competentes ao executá-lo e tudo deu errado.

Então, caros amigos, volto a dizer: os jogadores têm que ser mais cobrados pelo desempenho de um time do que o treinador. Jogador está no campo, treinador está do lado de fora.

Agora vamos transportar esta situação para o que o Santos vem fazendo nesta e nas temporadas anteriores. O time só faz perder e passar vergonha. Sete treinadores já passaram pela Vila Belmiro na caótica administração Andrés Rueda. Todos eram incompetentes?

Claro que não. Esse elenco santista é fajuto. Os jogadores são ruins e têm, em sua maioria, QI baixo de futebol. Não há treinador que consiga fazer desse time um time vencedor. Nem Guardiola conseguiria.

Agora vamos falar dos protestos desse sábado (17/06) no CT Rei Pelé. Aos que defendem o ocorrido, quando torcedores foram reclamar do treinador Odair Hellmann e dos jogadores, eu pergunto: eles (torcedores) têm capacidade e compreensão para entender quais são os problemas desse time? Claro que não.

Ao irem até o CT, o que disseram aos jogadores? Mostraram o que eles têm que fazer em campo? Como se posicionar diante dos adversários? Como o Corinthians vai jogar na quarta-feira (21/06)? Como saída de bola tem que ser feita, usando volantes ou vai com o goleiro? E como pressionar a saída de bola adversária? Primeira linha de pressão com quantos jogadores? E atrás dela, a outra linha tem que ter quantos atletas? Sobem os defensores também ou estes ficam um pouco mais atrás para evitar uma bola longa? E o espaçamento entre a última linha e a linha intermediária, tem de ser de quantos metros? E por aí vai.

Obviamente que os torcedores que foram ao CT não disseram nada disso. Foram lá pressionar e xingar jogadores e comissão técnica. Foram lá meter medo e pilhar todo mundo.

Manifestações têm que ser feitas nas arquibancadas, depois do jogo findado. Durante o tempo em que a bola rolar, os torcedores deveriam apoiar o time (como, diga-se, reconheço, tem sido feito) e pressionar o adversário e a arbitragem.

Disse e torno a dizer: neste momento em que a bola queima nos pés dos jogadores, pois tudo dá errado para esse time desde que Rueda assumiu a presidência, tudo o que os jogadores não precisam é de um adversário a mais.

Têm que ser cobrados? Claro que têm, mas não desse jeito, na base da intimidação e do deboche (torcedores propuseram um jogo-treino contra o time santista e se isso ocorresse com certeza apanhariam de uns 10-0).

A cobrança maior tem que ser feita no presidente, pois é ele quem manda, é ele o dono da bagaça. E se ela está ruim, o culpado maior é ele.

Não sou contra protestar, sou contra protestar equivocadamente; ou seja: sem argumentos e com as pessoas erradas.