Por Fábio Sormani
Era a vitória que o Santos precisava. Bater o Palmeiras, fora de casa, e de virada, é trabalho árduo e que nem todos conseguem. Mas o time teve personalidade, jogou como time grande, respeitou mas não temeu o adversário e os 2-1 finais poderiam ter sido até mais. O Santos jogou neste domingo (08/10), em Barueri, o que muitos torcedores imaginavam que não pudesse jogar.
O primeiro tempo, é verdade, preocupou por conta dos espaços que o time deu ao Palmeiras, que finalizou nada menos do que 15 bolas contra o gol de João Paulo. Ok, marcação ruim, que podia ser mudada no intervalo (e mudou), mas o que deu gosto foi ver que o time quando teve a bola não se desesperou jamais e soube o que fazer com ela, mesmo que a tivesse sob seu domínio em apenas 31% da etapa inicial.
Mas, como eu disse acima, o Santos não temeu o Palmeiras em momento algum. Nem mesmo quando sofreu o primeiro gol (Zé Rafael aos 42 minutos da etapa inicial). Não se perdeu em campo, não sentiu o baque do gol sofrido, não se despersonalizou. Ao contrário; sofreu o gol e continuou jogando sua bola. Por conta disso, aos 46, quatro minutos depois de ter saído atrás no marcador, empatou com o volante Rincón, que anotou seu segundo gol seguido com a camisa santista.
O time foi para o vestiário descansar com esse 1-1. E no intervalo Marcelo Fernandes arrumou o sistema de marcação do Santos. Mas não foi no posicionamento (o time jogou o tempo todo no 5-3-2), foi no mental dos jogadores. Pediu mais atitude, e os jogadores atenderam o pedido do treinador. “A gente não estava encurtando quando tinha de chegar (…) Tivemos mais confiança (no segundo tempo). O pessoal chegou mais firme na marcação”, disse Fernandes na coletiva depois da partida.
Na etapa final o Palmeiras continuou com a mesma posse de bola (subiu um pontinho percentual, de 69% foi para 70%), mas o time não encontrou mais os espaços do primeiro tempo. Por isso, o número de finalizações caiu em 30%: se no primeiro tempo, como vimos, o Palmeiras arrematou 15 vezes, no segundo caiu para dez. Se no período inicial quatro tiros foram certeiros, no final baixou para dois.
Assim sendo, sofrendo menos, o Santos continuou firme e persistente com a bola nos pés até que Marcos Leonardo fez o gol da vitória aos 24 minutos do segundo tempo. O Santos poderia ter feito mais gols, pois perdeu boas chances com Morelos, Furch e Max Silvera, que deu a assistência para ML fazer o gol derradeiro e entrou em campo pela primeira vez desde que foi contratado. E agradou.
Como agradou o time todo. Os jogadores não atuaram de maneira uniforme — isso é quase impossível. Mas a maioria foi bem demais, com destaque para João Paulo no primeiro tempo; Rincón e sua tenacidade o tempo todo; Jean Lucas, um primor de jogador; e Marcos Leonardo e seu faro de gol.
ML passou os 13 primeiros jogos do Santos neste Brasileiro bem apagado. Fez apenas um gol. Nos 13 seguintes (o time tem 26 jogos na competição) anotou nada menos do que 11 gols. Tem sido importantíssimo e a continuar nesta toada concretizará seu sonho de jogar na Europa na janela do final do ano. Ao invés dos € 8 milhões oferecidos pela Roma na janela do meio do ano, o time interessado no futebol e nos gols do ML terão talvez que triplicar esse valor.
O Santos chegou a três vitórias consecutivas neste Brasileiro. E todas nas mãos do técnico Marcelo Fernandes. Mas elas não vieram apenas no bate-papo. Elas são frutos também do trabalho intelectual do treinador, que mudou o sistema de jogo, trocou jogadores, reposicionou alguns e com isso deu solidez ao time.
São 30 pontos somados até o momento. Antes da chegada do Marcelo Fernandes o time foi dirigido por Odair Hellmann, Paulo Turra e Diego Aguirre (Claudiomiro trabalhou em uma partida). A campanha era: cinco vitórias, seis empates e doze derrotas; aproveitamento de 30,4%. Agora, como vimos, é de 100%, sendo que duas dessas três vitórias foram obtidas como visitante. Nesta condição, até então, era só uma vitória.
Tem ainda muito chão pela frente, mas se o time mantiver essa pegada e esse mental, o perrengue do rebaixamento será apenas história para ser contada.
2 respostas para “Santos 2-1 Palmeiras: vitória que o time precisava para encorpar de vez”
Boa noite Sr sormani.
Outra noite de paz..
E novamente, um ótimo e lúcido comentário.
Parabéns à todos, vencer o porco nunca foi tarefa fácil, até Pelé e cia, passaram apuros com eles..
Hoje, vencemos, surpreendemos….Tomara que façamos o mesmo com o red bull, que não se esconde e joga intenso os 90, 100 min de um jogo..
Seriam 3 pontos que com certeza elevaria a equipe a outro patamar…
Santos sempre santos….
Boa noite à todos, e continue a nos trazer sérios e ótimos comentários.
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O Santos é um time diferenciado em relação a todos os grandes do futebol mundial. Não há time de qualquer cidade pequena do interior ou litoral em todo o mundo que consegue se igualar aos grandes times das grandes capitais. Palmeiras é da capital, Grêmio, Flamengo, Atlético, Real Madrid, Milan, Bayern e todos os demais são times de grandes centros. O Santos é único no mundo. O único que alcançou tudo que poderia sendo de uma cidade relativamente pequena. O Santos para ter êxito em sua história sempre precisou de profissionais que se identificassem com o clube, com a cidade, com suas origens. Foi assim nas mãos de Lula, Antoninho Fernandes (tio de Marcelo Fernandes), Formiga e Cabralzinho, para citar alguns. Deu certo nas mãos de treinadores forasteiros como Leão, Dorival e Luxemburgo? Deu também, mas aí com “Meninos da Vila”, que tinham a identificação com o clube, crias do clube. Então, penso eu, não basta ser profissional. É preciso um algo a mais. É preciso que haja identificação, sejam os jogadores, nas diversas gerações de “Meninos da Vila” ou na falta destes nas mãos de treinadores identificados e comprometidos. O Santos não é apenas um time como os demais, que vive dentro de padrões administrativos e burocráticos. Tem um algo a mais, que faz a diferença. E é assim que obtém sucesso e deve seguir. Vida longa a Marcelo Fernandes à frente do Peixão!
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