Por Fábio Sormani
Zagallo morreu neste sábado (05/01). Postei um comentário no meu X (antigo Twitter) que indignou as pessoas. Escrevi isso: Morreu Zagallo. Ótimo jogador e técnico de um trabalho só (1970). Tratam-no como único tetracampeão mundial com objetivo só: diminuir Pelé. O exercício favorito do brasileiro é apequenar o único brasileiro reconhecido mundialmente. Merecemos mesmo sermos um povo de merd@.
As pessoas entenderam que eu desrespeitei o Velho Lobo. Longe disso. Chamei-o de ótimo jogador (titular da seleção nos dois primeiros Mundiais conquistados pelo Brasil) e considerei que seu único trabalho relevante como treinador — é meu direito achar isso — foi o de ser o comandante da seleção que conquistou o tricampeonato em 1970, no México. Mas que trabalho!
Sim, pois aquela seleção é tida pela esmagadora maioria dos que habitam o mundo do futebol como a maior de todos os tempos. Em tribunas de onde participo, já cansei de dizer que o grande feito de Zagallo foi conseguir acomodar cinco camisas 10 no time. Aquele esquadrão não tinha pontas. Suas jogadas pelas beiradas vinham basicamente com o lateral-direito Carlos Alberto Torres porque Everaldo, o da esquerda, era um lateral à moda antiga e pouco apoiava.
O meu intuito com a postagem jamais passou por desrespeitar Zagallo, mas sim criticar a postura do povo brasileiro que sempre que pode encontra um jeitinho de diminuir o Pelé. Vocês bem sabem, sou pelesista de carteirinha. Tenho até uma tatuagem do Pelé no braço. Falou mal do Rei, eu brigo.
E por que eu critiquei nosso povo? Porque as pessoas dizem (e não ele) que Zagallo é o único tetracampeão mundial por seleções: duas como jogador, uma como treinador e outra como auxiliar do Parreira na conquista de 1994.
Eu acho exagero isso. Na minha opinião o que conta é o campo. E lá, apenas Pelé ganhou três Mundiais. Esse é um feito histórico que jamais deverá ser alcançado por qualquer jogador de bola.
Vejam o caso do o Romário: o baixinho vivia a desdenhar Zagallo; chegou a desenhar na porta de um banheiro de uma casa noturna que sua propriedade, no Rio, o Velho Lobo sentado no vaso sanitário. Foi processado por isso por Zagallo. Hoje, Romário disse que Zagallo está no mesmo patamar do Pelé. Mas não está mesmo. Nenhum ser humano que jogou ou joga bola (até este momento) está no mesmo patamar do Pelé. Como eu interpreto a declaração do Romário? Tentativa de fazer o Pelé descer de seu pedestal.
Quando Pelé morreu, não foram poucos os ataques furiosos nas redes sociais chamando Pelé de tudo quanto é nome porque ele não reconheceu uma filha, embora tenha reconhecido outras — estranho, não é mesmo? Por que ele reconheceu uns e não outros? Pensem.
Mas sem me estender muito mais quero deixar claro que em momento algum minha postagem teve o intuito de desrespeitar o Zagallo. Minha crítica era claramente ao comportamento da maioria do povo brasileiro por não respeitar o maior brasileiro da história deste país: Pelé.
Que Zagallo descanse em paz e Deus conforte seus familiares e amigos.