Por Fábio Sormani
Da euforia à depressão. Assim está o torcedor do Santos neste momento depois da derrota de ontem (03/03) para o Red Bull (0-1) em Bragança Paulista.
Até então o torcedor não estava torcendo o nariz para o time e nem para o trabalho do técnico Fábio Carille. O Santos vinha de duas apresentações ruins (derrota na Vila para o Novorizontino por 1-2 e vitória sobre o São Bernardo por 2-1), é verdade, mas o torcedor não enxergava isso, pois a liderança no geral do Campeonato Paulista mascarava os problemas.
Mas no meio da semana passada o Palmeiras fez a partida que lhe faltava (venceu a Portuguesa no Canindé por 2-0) e subiu 24 pontos, deixando o Santos em segundo lugar com 22. E ontem, a vantagem aumentou com a derrota para o Red Bull e o empate do Palmeiras com o São Paulo (1-1) no Morumbi: 25 a 22 pontos.
E aí veio o duro choque de realidade: o Santos não é todo esse time que muitos (torcedores e boa parte da mídia) viam. Era só olhar o desempenho para se constatar o óbvio. Mas o torcedor, especialmente ele, estava satisfeito com a liderança geral do Paulista. Usava o velho mantra de que é mais importante vencer do que jogar bem. Por isso, pouco importava se o time estava jogando mal. E por estar jogando mal o que aconteceu? Das últimas três partidas o Santos perdeu duas e só venceu uma. O aproveitamento, que chegou a bater 83% no geral, despencou nesses últimos três jogos para preocupantes 33%.
Sim, o Santos não é esse time todo. O Santos não é o que o torcedor achava que era. O Santos tem muitas deficiências. Sem Giuliano, contundido, não há um substituto para ele. E todos os atacantes são fracos: Pedrinho, Marcelinho, Furch, Morelos, Bigode e Guilherme. Além disso, não há um zagueiro confiável para substituir Joaquim ou Gil em alguma emergência. Isso sem falar no goleiro: João Paulo, idolatrado pela maioria dos torcedores, apresenta muitas deficiências, como demora na reposição de bola, dificuldade em sair do gol nos cruzamentos aéreos e problemas em jogar com os pés.
Portanto, o Santos mostra claramente que se a camisa 1 não preocupa, pois Gabriel Brazão foi contratado e eu espero que ele seja escalado como titular na partida de quartas-de-final contra a Portuguesa (confronto já definido), de zagueiro, meia e atacantes o time precisa demais.
A ficha demorou para cair, mas finalmente caiu. Por isso os torcedores passam neste momento por essa depressão. E nas redes sociais alguns deles já pedem a cabeça do técnico Carille. Não tem o menor cabimento. Embora o time não jogue o que se esperava e o técnico prometeu, há que se levar em conta que trabalho está ainda no começo. E mais: como se viu, o time não tem ataque, não tem um meia para substituir o lesionado Giuliano e o goleiro não é confiável.
Cobrar Carille não é justo, assim como não é justo cobrar o presidente Marcelo Teixeira por mais contratações. O Santos não tem dinheiro para isso, destroçado que foi por Andrés Rueda. Desta forma, o torcedor vai ter que se contentar com contratações sem qualquer expressão, jogadores que virão apenas para substituir alguns dos que lá estão e já deixaram bem claro que não têm a menor condição de jogar no Santos, como o meia Cazares e os atacantes Marcelinho e Pedrinho.
Domingo tem a Inter, na Vila Belmiro, última partida da fase de classificação. Que venha uma grande atuação e uma vitória convincente. Tudo o que o Santos não pode é entrar na fase aguda do campeonato sob desconfiança. Afinal, esse time está ainda bem abalado pelo rebaixamento. Fazer a fase final com bom desempenho é o que o Santos precisa para entrar no Brasileiro da Série B com confiança e não com desconfiança.
O Brasileiro da Série B é o grande desafio do Santos nesta temporada, embora eu reconheça que se for campeão paulista o coração do santista não vai caber no peito de tanta felicidade.
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