Por Fábio Sormani

O Brasil bateu a Inglaterra por 1-0 na noite deste sábado em Londres. Diante de 83.874 torcedores Endrick mostrou mais uma vez que se pode confiar nele, apesar de seus 17 anos e de nunca ter jogado na Europa, uma absurda exigência dos dias de hoje. E o nosso selecionado também mostrou que pode ser confiável desde que se faça o simples e não se invente. E foi isso que o estreante treinador Dorival Júnior fez, apesar de inexplicavelmente ter tirado Rodrygo de campo para a entrada de Endrick, quando o correto (a meu ver) era a saída de Raphinha.

Antes de a bola rolar os comentaristas e torcedores da atual geração, os chamados “enzos”, vociferaram que a Inglaterra era favorita, que iria ganhar, que iria humilhar nosso selecionado, que o Brasil não tem mais um time que mete medo nos adversários, que passaria vergonha em Wembley e blábláblá.

Aliás, o que mais temos hoje em dia são blábláblás que ecoa através dos gritos de uma geração de comentaristas e torcedores que foram forjados (eu reconheço) numa época de fracassos de nosso selecionado, que não ganha e nem chega a uma final de Copa do Mundo desde 2002. Mas, apesar disso, se esquecem do nosso passado e do DNA do brasileiro para jogar futebol — o que é inegável.

Nenhuma seleção, ao longo da história do futebol, produziu tantos jogadores geniais como o Brasil. Todos capitaneados pelo maior de todos os tempos, o Rei Pelé. Quais? Deixo para vocês a criação dessa lista.

Deixamos de produzir jogadores? Claro que não; o que está maltratando e matando nosso futebol é esse maldito êxodo para a Europa à procura do dinheiro (o que é legítimo e compreensível) e a consequente europeização dos nossos jogadores que deixaram o instinto de lado (por imposição dos europeus), nosso instinto que nos fez maiores e melhores do que os demais. Deixaram nosso instinto de lado para jogarem um futebol engessado e sem graça (por imposição dos europeus, é bom frisar novamente).

O Brasil venceu a Inglaterra por 1-0 em Wembley e depois do triunfo consumado os chamados “enzos” (os que se tornaram súditos e adoradores do futebol europeu) bradaram: os ingleses jogaram sem Harry Kane, Alexander-Arnold, Bukayo Saka, Reecee James e Cole Palmer. Sim, verdade, mas o Brasil jogou sem Ederson, Gabriel Magalhães, Marquinhos, Casemiro, Gabriel Martinelli e Neymar.

Na próxima terça-feira (17h30, horário de Brasília) o Brasil pega a Espanha no Santiago Bernabeu (Madri). Espero que Dorival faça o óbvio, não seja teimoso e coloque juntos Rodrygo, Endrick e Vini Jr. Esse é o nosso ataque, Dorival! Aliás, esses três com Neymar circulando livre atrás e através deles formam um quarteto nenhuma seleção do mundo tem.

Claro que os comentaristas e os torcedores “enzos” vão discordar. Eu entendo, pois, como disse acima, eles foram forjados num tempo de vacas magras, de adoração e veneração ao futebol europeu e desprezo completo pelo nosso futebol.

Tenho muita esperança em nosso selecionado nas mãos de Dorival Júnior, pois, ao contrário do seu antecessor, Tite, ele não cultua o futebol europeu em detrimento do nosso. Dorival (que quando jogava era Júnior) sabe da importância dos jogadores que atuam na Europa, mas não vê os que atuam aqui como rebotalho: ele convocou nove jogadores que estão no Brasil. Poderia ter convocado mais, pois o que Júnior Santos está jogando no Botafogo é uma barbaridade.

Júnior Santos é apenas um exemplo. Há outros. Quais? Mayke, Zé Rafael e Raphael Veiga (Palmeiras), Leo Pereira e Pedro (Flamengo), Paulinho (Atlético-MG). Tem mais, mas deixo para vocês listarem.

Há luz no fim do túnel. Dorival e os jogadores mostraram isso ao interromper uma sequência de quatro jogos do Brasil sem vitórias, sendo três derrotas nos três últimos jogos.