Por Fábio Sormani

O Santos voltou a jogar mal. Precisou das penalidades para eliminar a frágil Portuguesa (que foi gigante no jogo) depois de um empate em 0-0 no tempo normal. O Santos voltou a mostrar, uma vez mais, que não tem ataque, principalmente porque não tem atacantes. A agressividade do Santos vem basicamente de seus meias. Quando eles jogam mal, o time não rende bem. E foi o que aconteceu neste domingo (17/03) na Vila Belmiro.

Mesma Vila Belmiro que os jogadores entendem ser uma grande aliada do time. Não é. Isso tem acontecido nos últimos anos. Foi na Vila Belmiro que o Santos escreveu o mais vergonhoso capítulo de sua riquíssima e indiscutível história, quando foi rebaixado para a Série B do Brasileiro (algo que jamais havia acontecido), quando foi batido pelo Fortaleza por 2-1. E ontem, tornou a jogar mal. E na Vila Belmiro.

Mas se classificou. Classificou-se porque o goleiro João Paulo pegou uma penalidade, deu confiança aos cobradores, que foram perfeitos. João Paulo, o herói improvável, foi herói. E eleito merecidamente o melhor jogador em campo.

Daqui a dez dias vem a semifinal contra o Bragantino. Depois do jogo, perguntado sobre a preferência de local, João Paulo disse: “Somos funcionários do Santos e onde a direção determinar a gente joga. Mas se formos perguntados, preferimos jogar na Vila Belmiro”.

Eu até entendo. A Vila é a casa do Santos. É o lar dos jogadores. Mas o Santos precisa de dinheiro. E precisa, também — e principalmente —, mostrar para todos que tem uma torcida grande e valiosa. Na Vila isso não é possível. Tanto não é que os adversários debocham a torcida do Santos ao dizer que ela cabe numa kombi. Mentira. Ela é grande. Só que não tem como mostrar sua grandiosidade porque a Vila Belmiro é uma gaiola.

Aliás, nesta mesma Vila Belmiro, no Brasileiro do ano passado, o Santos apanhou do Bragantino por 3-1. A Vila não é garantia de nada. O que garante vitórias é um time bom. E é com isso que a gente tem que se preocupar. Se ele for bom, o Santos ganha em qualquer lugar. Sempre foi assim. Na época de Pelé o Santos se fez o maior time do mundo ganhando seus títulos fora da Vila Belmiro: no Pacaembu, Morumbi, Maracanã ou nos estádios da Europa.

O Santos tem time para eliminar o Bragantino? Hoje, não tem, mas como se trata de futebol, tudo pode acontecer, como, por exemplo, a Portuguesa que poderia ter eliminado o Santos nos pênaltis. O Bragantino, embora não seja um primor de equipe, é melhor.

O Santos terá dez dias para se aperfeiçoar. E o técnico Fábio Carille terá esse tempo para encontrar um substituto para o atacante Otero, que foi corretamente expulso contra a Lusa. E torcer para que Giuliano possa sair jogando, pois sem Otero e com Giuliano no banco o Santos será inofensivo contra um time de Série A, que se não vai bem nos mata-matas é mais arrumado neste momento. Neste momento, volto a dizer, pois Carille terá dez dias para mudar este cenário e fazer do Santos um time mais forte, como foi no começo do campeonato.

E torcer para que nesses dez dias João Schmidt e Pituca voltem a jogar o que jogaram na primeira metade do Paulistão, pois a queda do time coincide com o declínio do futebol dessa dupla que se mostrou formidável no começo desta temporada.

Há muito o que se fazer, mas há tempo para isso. Vamos ver como Carille e os jogadores aproveitam esses dez dias.

O Santos não é favorito diante do Bragantino, mas pode perfeitamente passar e voltar a disputar um título, algo que não acontece desde 2016; ou há sete anos, se você preferir. Que não se complete oito, espero.